Gostei imenso. O final custou um bocado a digerir, mas provavelmente teve a ver com o estar saturadíssima da viagem de comboio e não me conseguir concentrar convenientemente. Mas muito, muito bom.
"Conheço o silêncio colorido das alucinações da madrugada, e um dia quis descansar, procurei o que era real à minha volta e arrependi-me. Era tudo muito aborrecido e sombrio."
"Conheço cada vez melhor aquilo de que de mim se despede e não regressa, e aquilo que nasce algures onde já não estou. Perdi o controle dos meus pensamentos, tudo se confunde num sem tempo onde a minha lucidez, a minha razão, são outras."
"Grito e sussurro para dentro de mim, para me magoar, e ninguém me ouve. Só o sangue aquece repentinamente."
"... pressentiam já que a pior dor é aquela que não se consegue nomear e, por vezes, mal se sente."
"Fere-se nos punhos sem que encontre nisso uma finalidade, uma morte apaziguadora, ou um vislumbre de eternidade. Fere-se e nada lhe dói, nem mesmo a cara que se esmigalha contra a cal, nem mesmo a pele coberta de musgos e de tempo."
"Não, não há consolo, nem espaço suficiente grande para passear a melancolia de quem está vivo..."
"«A minha vida foi um percurso obscuro, sem finalidade, errante... mas para que estarei eu a pensar nisto? errante... onde cada pergunta feita não obteve necessariamente uma resposta. E talvez não houvesse resposta nenhuma, apenas perguntas... perguntas que se corroeram umas nas outras."
"Apaga as estrelas, vem dormir comigo no esplendor da noite do mundo que nos foge."
Foi um fim-de-semana bastante agradável, em que me meti por zonas de Lisboa que mal conhecia (ou seja, dei uma guia turística bastante em denial "eu acho que é... mas não sei") e voltei a sítios que me fazem atingir um estado de alma que não se descreve. Já sentia falta das ruas e, sobretudo, da luz.
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