Monday, January 21, 2008

it's business time

Antes de o ver, pensei que fosse um novo filme do género Ken Park ou The Dreamers, que entretém e do qual se consegue sempre extrair alguma coisa, mas não pensava que fosse por aí além. Sabia da parte explícita, mas achava que para ter causado tanto burburinho, não podia ser só por isso (quer dizer, provavelmente até é visto tudo o que roça o pornográfico deixar toda a gente alvoroçada). Mas este não é um filme sobre sexo, nem um filme semi-pornográfico ou com pornografia gratuita. Tem tudo isso, é certo, mas abrange algo muito maior: a meu ver, é um filme sobre a sociedade adulta dos nossos dias, que vive num mundo onde o sexo cada vez ganha mair importância e influência, na qual não estar à altura é mais importante do que um abraço ao final do dia ou uma relação baseada em amor e confiança. Para onde quer que nos viremos, temos sexo e alusões a sexo escarrapachadas em todo o lado. Mesmo em nós próprios, o mínimo comentário leva-nos a associar a outra coisa completamente diferente; mas a culpa não é nossa, é do que está lá fora que tanto nos influencia. E o que acontece? Perdemo-nos. As relações tornam-se mais frágeis porque aquilo que as une ser tão bom mas tão efémero, ao mesmo tempo. Duas pessoas podem estar numa relação longa e serem completos estranhos um para o outro, por mais que julgam que se amem. Este filme também fala sobre isso, sobre a descoberta um do outro, sobre a primeira vez que o outro nos abre uma janela para o seu mundo e nos deixa entrar um bocadinho nele. Sobre pessoas que vivem sobre a escravidão do sexo, que fazem disso uma vida e que por isso sabem de cor os podres de tudo aquilo, e por isso se desiludem e já nada mais parece importar, até a nossa identidade se começa a desvanecer. É um filme sobre relações humanas nos dias de hoje. Nada mais do que isso. Julgar ou criticar um filme por ter demasiadas cenas explícitas é como criticar a nossa própria vida porque, vamos admiti-lo, todos nós já fizemos uma indecência ou outra.

A banda-sonora é genial (ou não fosse produzida pela Team Love - editora do Conor), algumas das interpretações são de cortar a respiração (especialmente a de James, a cena de quase-suicídio está filmada duma maneira lindíssima) e... todo ele é lindo. Brilhante, tocante e lindo.

3 comments:

coffee and tv said...

por isso é que não querias que eu visse o filme...mas parece-me um filme interessante:P...álias aborda uma das questões dos nossos dias que eu acho que ta mal. O chamado "amor moderno"...ah desculpa tou a violar direitos de autor xD

lyra belacqua said...

Romance moderno :P lol

tiago said...

indecências jamé lol