Sunday, April 13, 2008

Lewis Carroll: controvérsias?

Desde tenra idade que Charles Dodgson, mais conhecido por Lewis Carroll, autor de Alice in Wonderland, Through The Looking-Glass entre outras (menos famosas) histórias para crianças, revelou uma enorme aptidão para criar diversões para os irmãos; inventar histórias, jogos, o que fosse. Esta veia imaginativa, que lhe permitia criar um mundo para além do nosso, sempre esteve presente ao longo da sua vida, e tornava-o bastante popular entre crianças, pela facilidade que tinha em entretê-las e compreendê-las. Pode-se dizer que era um eterno apaixonado pela pureza da infância, pelo carácter onírico em que as crianças vivem e brincam; ou como faz referência em Alice in Wonderland, por esse jardim de mil esplendores por explorar. Embora relativamente conservador, também era apreciador de arte, especialmente do movimento pré-Rafaelita da sua época (opôs-se ao movimento Arts and Crafts, à ideia de 'arte pela arte', porque considerava que tirava às obras o factor de deslumbramento - o que não concordo, mas não quero dar cunho pessoal aqui) e a sua grande paixão foi a fotografia. De facto, era considerado um dos grandes retratistas da época. Alguns retratos de grandes personalidades vitorianas são da sua autoria (como, por exemplo, de pintores pré-Rafaelitas, por exemplo, Dante Rossetti). Mas o seu modelo e companhia predilectos têm feito levantar bastantes questões: preferia a companhia de crianças do sexo feminino, e um dos temas que mais gostava de fotografar era o nu infantil - ou rapariguinhas em fotografias de gosto questionável. Uma das suas fotografias de crianças mais conhecidas é a seguinte:






A rapariga é Alice Liddell, filha do então dean de Oxford que, com as suas irmãs, era frequentemente vista na companhia de Dodgson. E sim, foi Liddell que deu nome à Alice das aventuras.

A questão que ponho é a seguinte: hoje em dia, um homem de idade madura que tenha no se



Tipo.

Toda esta controvérsia à volta de Carroll fez-me ter algum interesse em tentar ultrapassar a sensação de pesadelo e ler o Alice in Wonderland. Nunca gostei do filme, sempre me meteu imenso medo e repulsa (especialmente o gato de Cheshire), mas pode ser que agora consiga, a muito custo, ver para além disso. Pedófilo ou não, conseguiu pôr gerações de crianças a sonhar (ou, no meu caso, a ter pesadelos e a criar superstições parvas com determinadas fases da lua).

A quem possa interessar:





Está muito giro. Biografia sucinta e ilustrada com imagens da época, para o leitor ver do que a autora está a falar. O que ajuda.



Das coisas mais úteis que comprei.

Espero muito que isto tenha feito parágrafos.

4 comments:

Skizo said...

Arte está nos olhos de quem a vê. Nada nos faz ter determinados pensamentos e opiniões sobre o que quer que seja do que as nossas próprias experiências. Há quem diga que a nossa 'primeira impressão' sobre tudo é boa. Mas assim que o nosso cérebro começa a 'vê-la' de acordo com experiências passadas, etc, tudo descarrila.

"Epá, foto fixe, melancólica, boa apresentação.. Que pouca vergonha!"

Não tenho nada contra o senhor Carrol, do pouco que sei sobre ele. Deu-nos a Alice, que como tu disseste fez sonhar crianças, e ainda hoje é uma obra de referência, dezenas de anos depois.

coffee and tv said...

O homem é sem dúvida controverso, e as fotos dele são demasiado estranhas. E como a ti o filme mete-me medo, não sei porquê mas os desenhos e a personalidade das personagens que entram são muito estranhas (principalmente no gato:x), e embora não tenha lido o livro tu contaste-me certas coisas e mostras-te fotos que uma pessoa (associando com o filme) começa a pensar o quanto este homem na realidade podia ser perverso e tarado sem a sociedade de entao dar conta. Alice fez sonhar crianças a quem não vê e na altura não sentiu algo de errado com as personagens, a mim só me deu pesadelos, por várias vezes tinha pesadelos que tava a ser perseguido pelo exercito de cartas e ia dar a um bosque onde tava um gato que desaparecia com sorriso malicioso em forma de lua. Na minha opinião o alice no pais das maravilhas é um conto criado por um homem malicioso e a malicia desse homem ta bem expressa no conto.

Marta said...

Eu adoro a Alice. Quando reli o livro (já em adulta) achei fantástico. Quanto ao filme, só conheço o de mil nobe e cinquenta. Gosto porque me faz viajar.
Só há pouco tempo ouvi falar dessa controvérsia ( http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com/2007/09/10/a-eterna-duvida-sobre-o-autor-de-alice-no-pais-das-maravilhas/ )
A maldade, tal como a beleza, muitas vezes está nos olhos de quem a vê...
Agora também parece que é moda ver pedofilia em tudo. Enfim...
E também pegar em contos infantis e "analisá-los" de maneira doentia, fazendo revelar as intensões perversas de quem o escreveu... Mentes doentias têm é a maior parte desses "críticos".

TDI ao L.C. e à Alice no País das Maravilhas e ao Gato Cheschire :D

lyra belacqua said...

O problema é que o Blogger me cortou parte do post. Disse que se fosse hoje em dia, em que está tudo com as antenas no ar para estas situações , haveria muito mais escândalo do que na altura... que mal houve. Dizia-se que o nu infantil era símbolo de pureza, e que na sociedade Vitoriana era um dos temas fotográficos favoritos. Embora também tenha lido o contrário num livro específico sobre a época (aquele que pus no post).

Quer ele tenha preferências sexuais duvidosas quer não, nada disso influencia o julgamento que se deve fazer à obra dele e ao génio. Uma pessoa não o quer para mais nada sem ser para ler aquilo que escreveu. Embora o que uma pessoa faz de certo modo defina o que ela é, neste caso tendo sempre a separar. Não sei. Coiso :x