Tuesday, November 13, 2007

Release the stars

06/11/2007

A vontade de ir era pouca, mas o dinheiro que tinha gasto meses antes pesava-me na consciência e, afinal, era o Rufus, que tanta companhia me fez no meu primeiro ano do Porto e com quem ando no porta-chaves. Não fazia sentido não ir, por mais birra que tenha feito com o último álbum. A ida esteve tremida por causa de factores que nem eu pude controlar, mas consegui chegar a tempo e, agora posso dizê-lo, felizmente.

Depois da habitual necessidade feita e de um agradável reencontro, entrei, uns quinze minutos antes - coisa que tenho vindo a gostar de fazer (quando não é em demasia, género uma hora antes de Scissor Sisters) para estar sentada a observar as pessoas e a tirar as minhas próprias conclusões. Hábito mau, mas vem-me de pequenina. Cheguei ao meu lugar para ver lá um senhor confortavelmente sentado, com o qual não quis armar confusão, mas a coisa acabou por se resolver e lá me sentei. Fui vendo gente conhecida a chegar, e coisas que não interessam para nada.

O concerto começou de repente, uns minutinhos mais cedo do que o previsto e tudo. As luzes apagam, uma luz azulada invade o palco, desce um pano com uma versão da bandeira dos Estados Unidos (com aplicações de dourados e borboletas e coisas pouf na zona onde costumam estar as estrelas) e entra a banda. Calças justas às riscas, também com as tais aplicações com brilhantes em forma de borboleta e afins - assim um aspecto geral muito glam que me deixou logo de olhinhos a brilhar. E entra ele. Muito aplauso, ele a fazer-se de humilde, com o seu fato às riscas vermelhas e brancas género toldo de praia, com borboletas brilhantes e um colar que fazia inveja à Nicole Kidman no Moulin Rouge. Aquilo faíscava. Começa a Release The Stars, homónima do último álbum. Fiquei estupefacta com o quanto adorei a música ao vivo. Tem um som bastante amplo, e parece que, a esse nível, a têm vindo a explorar muito melhor do que a versão que está no álbum, que, agora quando a ouço, embora goste muito mais, parece-me poucochinha e muito tímida comparando com o que vi. De seguida vem o single, Going to a Town que, para além de ser lindíssima, serviu para me provar que aquelas pessoas não estavam ali para deixar aquilo entranhar-se-lhes. Estavam ali para estar sentadas e ver. Ninguém se mexia, ninguém trauteava, ninguém cantava. Que pudesse ver, só eu e uma senhora que estava na minha fila é que estavam a ver aquilo com outros olhos.

Como é hábito, perdi a conta das músicas que se seguiram, mas a setlist está escarrapachada no site da Blitz... também já passou algum tempo. Fez-nos a surpresa da The Art Teacher, a Beautiful Child foi maravilhosa e ia-me dando uma coisa quando começou a Poses, que era a última coisa que estava à espera - quer dizer, não era, isso era a Go or Go Ahead, mas adiante. Ah, cantou a Over The Rainbow, que me fez chegar a lagriminha ao canto do olho.

O Rufus provou ser um entertainer de primeira. Foram três horas de concerto que passaram a voar graças à maravilha que são as suas canções ao vivo e a sua própria presença em palco. Ao invés de ser um convencido arrogante, como ultimamente o tenho imaginado, provou continuar a ser aquele que estava habituada a ver antes do hype do Release the Stars. Extremamente comunicativo, com um sentido de humor apuradíssimo e completamente à vontade. Conseguiu criar um ambiente familiar, em que se cantaram os parabéns ao baterista, com direito a bolo e velas, e do qual até fez parte a mãe, Kate McGarrigle.

Quanto aos pontos altos, fora aqueles que referi, foram a Macushla e o final. A Macushla é uma canção tradicional irlandesa que ele cantou sem microfone, porque "de certeza que nesta sala, sendo tão antiga, se costumava cantar sem microfones e é isso que vou fazer, espero que lá atrás me consigam ouvir". E ouviram e foi uma coisa do outro mundo. O final... o final foi uma festa. Mas deixo aqui um vídeo dum final igual, não o de Lisboa. Vale mais do que uma descrição insonssa.

A música é a Get Happy! da Judy Garland.

No comments: