Wednesday, November 28, 2007

o trabalhinho

Ça fait long temps (nota-se, já está meio apagadinho).

And I can't go back to that unproductive state of mind.

Ontem foi uma tarde bem produtivazinha, se virmos as coisas de determinado ponto de vista. Peguei nas minhas tamanquinhas e fui trabalhar - não estava lá ninguém. Como dizem os Conchords, conditions are perfect. Era só eu, o quadro e o iPod. Foi tranquilo, adiantei um bom bocado... consegui acabar mais uma fila de quadrículas e começar outra. Trabalhar na pintura não deixa de ser curioso - e não só naquela, mas em pintura no geral - porque nunca se sabe ao certo o que se vai encontrar por baixo da camada de verniz envelhecido e sujidade. Durante anos tive aquele quadro pendurado por cima do sofá e sempre me habituei a vê-lo como uma pintura em tons outonais, um fim de tarde de Outono no campo, em tons de castanhos e verdes. Comecei a limpar, e descobri um fim de tarde de Primavera, com um céu brutalmente azul e nuvens brancas em vez de amarelas. Os verdes das árvores são muito mais vivos do que aparentavam. Não sei, acho curioso. Não é aquela coisa limitativa de peças isoladas de madeira ou metal ou o que seja que é só aquilo e mais nada. Há todo um processo de "vamos lá ver o que está por baixo disto". Agora a seguir vai ser escultura. Não é coisa que me motive muito. Escultura significa reintegração cromática e preenchimento de lacunas, que são precisamente as duas coisas que mais me exasperam.

Provavelmente a formação em contexto de trabalho vai ser nos Clérigos. Ou nos Clérigos ou em Lordelo, mas, mesmo desmotivadíssima, prefiro os Clérigos. Dá certa pinta dizer "estou a restaurar um retábulo nos Clérigos". A parte não tão bonita é que vou ter que andar a trepar andaimes! Hooray.

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