Wednesday, November 14, 2007

Ontem apanhei um programa na TV Record (resultado de conseguir dormir, eu normalmente não vejo a TV Record com os gurus de ajuda em Chelas) que devia ser uma espécie de 60 Minutos deles, em que parte do tema era comida esquisita. Como às vezes me dá para ver coisas repugnantes, fiquei a ver. E era basicamente isto:

- o primeiro repórter estava num mercado na China, numa banca que fazia espetadinhas de escorpiões fritos. A melhor parte é que eles fazem tenção de mostrar como aquilo é feito. Então. Os escorpiões eram enfiados no espeto ainda vivos. Ficavam ali a espernear um bocadinho, até o cozinheiro os atirar para dentro duma panela com óleo a ferver. Ainda vivos, claro. E já estava. O repórter ficou a olhar para aquilo com um ar ligeiramente enjoado (compreende-se) mas teve coragem de experimentar. Mastigou, mastigou, engoliu, disse que "bêm é um pouco diferêntxi" e para meu horror comeu o outro.

- a cena muda para uma feira na Bolívia, em que fazem espetadas de coração de boi. Este não me fez muita impressão, porque acho que isso também se come cá e não é choque cultural por aí além. Nem a parte em que mostraram as senhoras a cortar tirinhas de coração me fez impressão. O que, para mim, é bizarro.

- estamos num mercado de comida numa aldeia interior Tailandesa. As minhas pernas tremeram, porque sei por experiência própria que se podem encontrar, no meio da maior quantidade de abelhas em que já se esteve, as coisas mais esquisitas e, consequentemente, horríveis. Baratinhas e gafanhotos vendidos à pá e coisas do género, mas continuando. O senhor parou numa banca que vendia uma espécie de farofa - que, claro, não era farofa. Era uma mistura de farinha, larvinhas pequeninas brancas e, a piéce de resistance, formiguinhas vivas! Tal como o senhor disse "olha aí a forrmiguinhá, consegui apanhár à forrmiguinhá?" Para meu horror, pega numa mão-cheia e mete-a à boca. Começa a degustar (se tal palavra se pode aplicar a este caso) e diz: "Bem, é uma misstura dji fárinha com maiss quauquérr coisá... oi, agora veio um sabor azedo". Era a forrmiguinhá. Depois, seguiu para a banca do fantástico. Larvas de bicho-da-seda fritas - que eram um bocadinho borrachudas - e larvas de bambu, também fritinhas. Ora, estas eu já conhecia. Já vi muito boas pessoas a comer aquilo como se fossem coiratos até a guia dizer que era "minhocá d'arvéri". Portanto não me admirei quando o repórter começou a comer aquilo como se não houvesse amanhã, a dizer que aquilo era bem melhor que os outros e que caía bem com uma "cerrvejinhá".

- o passo seguinte foi uma senhora que cria jacarés só para os fritar, mas não aguentei.

Admiro a coragem destas pessoas, e não quero nem pensar qual é a sensação de ter formigas vivas a correr na minha língua e no céu da boca a tentar fugir. Não quero.

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