Wednesday, July 18, 2007

Persuasion

Persuasion encontra-se naquele grupo de obras de Jane Austen menos conhecidas, onde também está Northanger Abbey e, talvez, Mansfield Park. Digo "menos conhecidas" pois são aquelas sobre as quais ainda não foram feitas adaptações de grande envergadura, apenas versões para televisão - nada más, mas atinge um público menor.

É a história de uma mulher, Anne Elliot, que se vê com uma segunda oportunidade nas mãos. Oito anos antes tinha vivido uma paixão por Frederick Wentworth, mas foi persuadida pela família a não o aceitar. Separaram-se em maus termos e passam-se anos. Anne torna-se uma mulher de 27 anos, solitária, introvertida, sem quaisquer hipóteses de vir a contrair matrimónio devido à idade. Até que, certo dia, devido a uma série de circunstâncias que não vêm ao caso, o passado lhe bate à porta e reencontra Wentworth, que a trata com amargura e indiferença por causa da rejeição oito anos antes. Portam-se como completos estranhos um para o outro, como se nada se tivesse passado, mas cada um com o passado sempre presente na memória, misturado com uma intensa amargura.

O que me fez escrever sobre o livro foi o ter a impressão de este ser a obra mais próxima da vida da própria Jane Austen. É talvez a forma que encontrou de expressar aquilo que gostava que lhe acontecesse, de ter uma segunda oportunidade com o tal único pretendente que teve. E isso, de certo modo, e isto é extremamente lamecha, emocionou-me um bocadinho. Posso já estar a imaginar, mas sei o que é um caso mal acabado, em que pelo menos uma das partes fica consumida em ressentimentos e amarguras durante demasiado tempo... e sei como é agradável e confortante imaginar que, daqui a uns anos, possa haver uma segunda oportunidade. Mesmo sabendo que isso é de todo impossível, sempre é um conforto e uma luzinha... mais uma vez o poder da imaginação contra a realidade. Portanto, se esse foi realmente o caso, se toda a história foi um escape para ela, é tocante. E, se não foi esse o caso, basta apenas o que ela me disse em termos do tempo fazer tudo e de amarguras por casos perdidos.

Quanto a adaptações, a primeira que vi foi já há algum tempo e não me deixou boa impressão. Era com o Ciáran Hinds (que fez de César na primeira série do Rome) e com a Amanda Root, e acho que ou é de 1995 ou de 1997. Ontem vi uma que está francamente melhor, feita para a ITV, deste ano.

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